Vamos começar com um desafio simples. Pense em uma música de que você gosta que tenha guitarra, seja rock, sertanejo ou axé.
Com certeza, a música em que você pensou tem particularidades que fazem as pessoas a reconhecerem com facilidade. Hoje, falaremos exatamente sobre uma delas: o riff.
O Que é um Riff?
O riff nada mais é do que aquele pequeno trecho, normalmente instrumental, que na maioria das vezes é repetido durante toda a música.
Sendo um solo curto ou uma base marcante, o riff sempre pesa muito na identidade do som, podendo ser usado tanto em introduções como em outras partes.
É simples: basta pensar na base clássica de Smoke on the Water do Deep Purple ou no solo inicial icônico de Sweet Child O’ Mine dos Guns and Roses. Só com o começo já podemos reconhecer a música.
Esse é o significado principal do conceito: é aquela parte marcante, que faz você reconhecer a música de imediato, sendo difícil (para não dizer impossível) pensar em alguma canção que não utilize esse artifício.
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Quem criou o riff?
Para explicar corretamente essa parte, é importante explicar que um riff não é algo exclusivo da guitarra. Pode ser uma frase de qualquer instrumento.
Seja o toque de bateria ímpar de We Will Rock You do Queen ou a linha de baixo inesquecível de Under Pressure da mesma banda, se for uma frase marcante, é um riff.
Sendo assim, é impossível definir quem criou essa técnica, mas podemos destacar quem ajudou a popularizar o conceito.
Influência do Blues:
Surgindo no final do século XIX, o blues revolucionou o pequeno mercado fonográfico da época. Mesclando, no início, elementos de música africana com canções de domínio popular, o estilo foi se popularizando lentamente, principalmente por ser mal visto por pessoas mais conservadoras.
Isso se deve ao fato de ser um gênero musical mais rápido do que outros que costumavam ser ouvidos na época, possibilitando danças que, naquele momento, não eram adequadas.
Além disso, o violão, que, na época, era apenas um instrumento de fundo, passou a ser um dos principais. Músicos como Robert Johnson e Anthony Maggio começaram a ousar mais com as 6 cordas, criando partes marcantes que tornavam suas músicas não mais reconhecidas apenas pela letra ou pela melodia principal.
A levada do blues é simples e fácil de identificar, pois é um ritmo propício ao improviso, e foi assim que surgiram vários riffs hoje notórios.
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Criação da guitarra elétrica:
Com o surgimento da guitarra elétrica em meados da década de 30, um leque maior de possibilidades se abriu.
Com uma escala maior do que as de violões tradicionais da época, sons mais agudos começaram a ser feitos e as cordas de aço produziam uma sonoridade até então diferenciada para a época.
Levando o blues para outro patamar, músicas como Johnny B Goode de Chuck Berry e Blue Suede Shoes de Elvis Presley deram indícios de como seria o futuro dos riffs de guitarra.
Invenção dos pedais de efeito:
Em meados da década de 60, mais uma revolução. Enfim, foram criados os pedais de efeitos. Com isso, o Wah-Wah, popularizado principalmente por Jimi Hendrix e bandas de reggae, trouxe novas nuances ao som. Na mesma época, surgem as primeiras bandas de Heavy Metal, como o Black Sabbath.
Isso não quer dizer que as distorções eram exclusividade dos metaleiros. Músicas como Helter Skelter dos Beatles ou Whole Lotta Love do Led Zeppelin dão créditos a essa questão.
A partir da década de 70, com a guitarra elétrica já bem popularizada, os hitmakers mostraram como se faz.
Os riffs mais famosos da música:
Vamos listar alguns instrumentistas, indicando suas músicas com riffs famosos:
. Slash (Guns and Roses): Welcome to the Jungle, Paradise City, Sweet Child O’ Mine.
. Angus Young (ACDC): Back in Black, Highway to Hell, Jailbreak.
. Kirk Hammet e James Hetfield (Metallica): One, Whiskey in the Jar, The Unforgiven.
. Jimmi Page (Led Zeppelin): Kashmir, Whole Lotta Love, D’yer Mak’er.
. Richie Sambora (Bon Jovi): Living on a Prayer, You Give Love a Bad Name, It’s my Life.
No Brasil, podemos citar:
. Edgar Scandurra (IRA!): Envelheço na Cidade, Núcleo Base, Girassol.
. Marcão e Thiago (Charlie Brown Jr): Te Levar, Zóio de Lula, Proibida pra Mim.
. Digão (Raimundos): Mulher de Fases, Selim, Eu Quero Ver o Oco.
Menção honrosa para Bell Marques (Chiclete com Banana}, Durval Lélys (Asa de Águia) e Pepeu Gomes, que, apesar de tocarem estilos diferentes, são ótimos guitarristas e sabem fazer riffs marcantes.
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Perguntas Frequentes
Qual a diferença entre solo, riff e lick de guitarra?
Como dito anteriormente, um riff não precisa ser necessariamente um solo curto, como pode ser notado na introdução de músicas como Iron Man do Black Sabbath e Smells Like Teen Spirit do Nirvana. O importante é que seja marcante e faça com que a música possa ser reconhecida apenas por ele.
O solo de guitarra, na análise de um guitarrista como esse que vos fala, é o ápice de toda música. Normalmente é isolado, com todos os instrumentos apenas fazendo a base para que ele se encaixe no contexto.
Nesse caso, a duração pode variar muito, indo de poucos segundos a vários minutos, sempre dependendo da criatividade e inspiração do músico, mas é importante levar em consideração o estilo que toca.
Vertentes mais novas, como o hardcore e o nu metal, possuem músicas mais rápidas e diretas, portanto, algumas vezes, solos longos ficam maçantes.
Licks podem ser tratados como complementos. Pense neles como fragmentos de um solo ou riff de guitarra que são usados para dar sentido a um trecho.
Como criar solos, riffs e licks?
Para iniciantes, o essencial é conhecer as escalas pentatônicas, que permitem uma transição entre as notas de forma que elas não fiquem destoantes nas passagens.
Também é importante treinar bem o ouvido para percepção das notas. Pense na melodia que deseja com calma e depois transfira para o instrumento, sempre prestando atenção no tom. Dessa forma, a memorização fica mais fácil.
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Qual o riff mais famoso?
É difícil nomear apenas um. Dos já mencionados anteriormente, podemos destacar as introduções de Sweet Child O’ Mine, Smells Like Teen Spirit e Johnny B Goode.
Além desses, outros bem marcantes são os de Satisfaction (Rolling Stones), Enter Sandman (Mettalica), Sevem Nation Army (White Stripes), entre muitos outros.
No link abaixo, trouxemos um vídeo com 100 riffs bem conhecidos pra você se lembrar!
Qual o melhor riff?
De acordo com minha análise, vou citar os 3 melhores:
Reapers – Muse
O trio inglês que adora mirabolâncias. Começa com um tapping simples em uma escala, mas com uma velocidade de dar inveja em muitos músicos progressistas. Quem conhece a música consegue identificar de primeira.
Green Tinted Sixties Mind – Mr. Big.
Tapping com Slide? Temos! O genial Paul Gilbert mostra o motivo de merecer o elogio. A introdução da música é linda, suave e marcante, o que a torna para mim um dos riffs mais bonitos e bem trabalhados já feitos.
American Jesus – Bad Religion
Ok, sei que pode gerar controvérsias, mas, como um amante de hardcore, nada mais justo do que colocar a primeira música do estilo que aprendi.
O peso e tom melancólico do riff inicial já nos demonstram o tapa na cara que a música dá na sociedade estadunidense.
Sem sombra de dúvidas, é o mais simples de todos os citados na lista, mas prova que não é preciso ser complicado para ser bom.